21 de ago. de 2013

Novo parágrafo

"Mas onde estava eu, que me perdi? Só começando tudo de novo, e em outra linha e outro parágrafo para melhor começar."

5 de jan. de 2013

Supersônica de vida

"Era supersônica de vida. Ninguém percebia que ela ultrapassava com sua existência a barreira do som."

21 de dez. de 2012

Isolamento

"Amava e compreendia cada vez mais as pessoas e cada vez mais, no entanto, percebia que devia isolar-se delas."

3 de nov. de 2012

8 de out. de 2012

Compreensão

"Talvez o que tenha me acontecido seja uma compreensão - e que, para eu ser verdadeira, tenho que continuar a não estar à altura dela, tenho que continuar a não entendê-la. Toda compreensão súbita se parece muito com uma aguda incompreensão. Não. Toda compreensão súbita é finalmente a revelação de uma aguda incompreensão. Todo momento de achar é um perder-se a si próprio."

23 de set. de 2012

Perda

"Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia."

5 de set. de 2012

Atenção sem esforço

"Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas."

3 de set. de 2012

Vítima de si mesma

"Sucumbi. Que podia fazer? Senão ser a vítima de mim mesma. Só peço a Deus que ninguém me encomende mais nada. Porque, ao que parece, sou capaz de revoltadamente obedecer, eu a inliberta."

3 de jul. de 2012

Falsas certezas

"Sinto-me tão perdida. Vivo de um segredo que se irradia em raios luminosos que me ofuscariam se eu não os cobrisse com um manto pesado de falsas certezas. Que o Deus me ajude: estou sem guia e é de novo escuro."

10 de mai. de 2012

Certas liberdades

"Cuidava porém com uma segurança amedrontada de jamais ultrapassar certas liberdades consigo mesma porque o que havia de inexplorado podia levá-la a perder para sempre o bom senso."

2 de mai. de 2012

Desejo impossível

"O coração batia num alvoroço doloroso e úmido como se fosse atravessado por um desejo impossível. E a vida do dia começava perplexa."

13 de mar. de 2012

Tarde demais

"Avançara mais do que pensara ser capaz, e agora era tarde demais para retroceder. Mesmo que nada mais acontecesse, jamais poderia negar o que já acontecera..."

5 de dez. de 2011

Desamparo

"Depois que por um instante o mundo inteiro se tornara seu cúmplice, a moça fora largada por sua própria conta."

27 de nov. de 2011

Incerteza

"Um pouco vivida, sabia que na hora as coisas pareciam certas e depois não pareciam mais."

30 de jun. de 2011

Por enquanto

"Viver tem dessas coisas: de vez em quando se fica a zero. E tudo isso é por enquanto. Enquanto se vive."

1 de jun. de 2011

Laranja

Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.


Conto "Tentação", pode ser lido na íntegra aqui.

30 de mai. de 2011

Independia de mim

O mundo independia de mim - esta era a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca! nunca mais compreenderei o que eu disser. Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro. - - - -
em "A Paixão Segundo G.H.", Rocco, p. 179

22 de mai. de 2011

Paraíso Perdido

Não é para nós que o leite da vaca brota, mas nós o bebemos. A flor não foi feita para ser olhada por nós nem para que sintamos o seu cheiro, e nós a olhamos e cheiramos. A Via-Láctea não existe para que saibamos da existência dela, mas nós sabemos. E nós sabemos Deus. E o que precisamos Dele, extraímos. (Não sei o que chamamos de Deus, mas assim pode ser chamado.) Se só sabemos muito pouco de Deus, é porque precisamos pouco: só temos Dele o que fatalmente nos basta, só temos de Deus o que cabe em nós. (A nostalgia não é do Deus que nos falta, é a nostalgia de nós mesmos que não somos bastante; sentimos falta de nossa grandeza impossível - minha atualidade inalcançável é o meu paraíso perdido.)
em "A Paixão Segundo G.H.", Rocco, p. 150